sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Tom Jobim - Em Minas ao Vivo - Piano e Voz (1981)



Foi durante as águas de março de 1981 que o público presente no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, assistiu pela primeira vez, em 20 anos, a um recital de Antonio Carlos Jobim na capital mineira. Ainda tocado pela perda do poetinha Vinicius de Moraes, que morrera há menos de um ano, Tom recriou de maneira particularmente emocionada algo essencial de seu cancioneiro e homenageou seus principais parceiros de vida e música.

Só com o piano, Tom cantou, tocou e conversou, soberano das artes seja em que palácio for, como se estivesse na sala de visitas de sua própria casa – ou na sala de qualquer um de nós. São 18 músicas, duas com Newton Mendonça, duas com Dolores Duran, duas com Aloysio de Oliveira, uma com Chico Buarque, sete com Vinicius, quatro só de Tom. Era o segundo e último dia de apresentação do maestro em Belo Horizonte, a convite de uma fundação local. O jornal Estado de Minas de 15 de março de 1981 publicava uma discreta foto de Jobim com a flauta e anunciava o concerto às 21h, “com os ingressos custando 600 cruzeiros”.

De saída, Tom demonstrou que a noite seria mesmo confessional: “Não sou muito de fazer show. Quem me levou pra este negócio foi o Vinicius, o Toquinho, A Miúcha”. E prosseguiu: “É fácil fazer show escorado em músicos, parceiros, orquestra grande. (Desta vez) preferimos fazer uma coisa mais íntima porque a gente não pode ser aquele menino tímido pra sempre, né?”, gracejou o maestro, no plural, como se falasse também pelo piano, antes de dedicar o show aos parceiros, “que muito me ajudaram”.

O primeiro parceiro citado foi Newton Mendonça, em Desafinado e Samba de uma Nota Só, dois dos maiores standards internacionais da obra de Jobim. Sobre a primeira, contou o maestro que a princípio “ninguém quis gravar, os editores não queriam editar e nem João Gilberto quis nada com ela”. E emendou com uma ouverture só conhecida pelos iniciados: “Quando eu vou cantar / você não deixa / e sempre vem a mesma queixa / diz que eu desafino / que não sei cantar / você tão bonita / mas tua beleza também pode se enganar / se você disser que eu desafino amor...” Segundo o escritor Ruy Castro, no livro Chega de Saudade, a introdução teria sido composta sem Newton, com letra de Ronaldo Bôscoli.

Em seguida, Jobim falou de “uma moça chamada Dolores Duran. Eu tava fazendo uma música com Vinicius. Fomos à rádio nacional e lá estava a Dolores. Toquei a música, ela tirou o lápis de sobrancelha da bolsinha, em cinco minutos escreveu a letra e botou assim: Vinicius, dois pontos. Outra letra é covardia”. Tom tocou Por Causa de Você, a obra prima tirada da caixa de maquiagem de Dolores Duran, e engatou outra parceria com Dolores, Estrada do Sol, a única de todo o concerto executada em versão instrumental.

O início da parceria com Vinicius de Moraes já foi esmiuçado por diversos pesquisadores. Mas nada como ouvir contada por Tom. “Ele era diplomata e veio de Paris com a idéia de fazer uma peça de teatro chamada Orfeu da Conceição. Chegou no Rio e procurou um músico para compor com ele as músicas da peça”, disse, como quem confidencia ao ouvido de cada espectador. Confirmou que o primeiro a ser procurado por Vinicius foi o veterano Vadico que, adoentado, recusou a oferta. Até que se deu o mitológico encontro no Bar Vilarino, no centro do Rio, numa noite de 1956.

“Lucio Rangel me apresentou ao Vinicius, que me levou ao grande mundo carioca, em casas com pianos de cauda e senhoras bem lavadas. Eu andava com uma pastinha cheia de arranjos, competindo com o aluguel. Perguntei: Escuta tem um dinheirinho nisso? Lucio ficou escandalizado: ô Tom Jobim, esse aí é o poeta Vinicius de Moraes. Eu digo, ah bom” recorda, sob a cumplicidade de risos radiantes. Tom mencionou “alguns sambas meio bobos jogados na lata do lixo, até que apareceu um samba bom”, e iniciou uma seqüência de tirar o fôlego: Se Todos Fossem Iguais a Você, Água de Beber, Eu não Existo sem Você, Modinha, Chega de Saudade.

Dindi e Eu Preciso de Você representam a parceria com Aloysio de Oliveira, que alguns anos antes produzira o disco Tom e Elis. Depois de Aloysio, Tom falou de um certo “parceiro meu de olhos azuis, que dizem que são verdes, depende da luz do dia. O rapaz é um gênio, é craque mesmo, tipo Pelé, Garrincha”, situa, antes de proporcionar ao público uma apresentação magistral de Retrato em Branco e Preto. No piano, o contraponto dos graves, com as teclas agudas solando a melodia, deram a medida dos dias tristes e noites claras propostas pela letra de Chico Buarque de Hollanda.

Conhecedor das pedras do caminho, Jobim anunciou, por fim: “um rapaz aqui um tanto dispersivo. Meu parceiro também, um tal de Tom Jobim”. A introdução de Corcovado fez Belo Horizonte vislumbrar o Redentor de alguma janela do Palácio das Artes. Os olhos de Lígia abrangem versos pouco conhecidos: “Você se aproxima de mim / com esses modos estranhos / eu digo que sim / mas seus olhos castanhos / me metem mais medo que um dia de sol”, antecipando o samba-choro Falando de Amor. No final, a enxurrada melódica e poética de Águas de Março e o bis de Garota de Ipanema. Antonio Carlos Jobim em Minas nos transforma em testemunhas auditivas e sensoriais de uma das mais felizes noites da história da música brasileira.

Tom Jobim - Em Minas ao Vivo - Piano e Voz (1981)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Getz/Gilberto (1964) - Uma Obra Prima!!!!

Este sem dúvidas é um dos melhores discos da história. Muito agradável de ouvir, elegante, um puta clima!!! Seja sozinho, a dois ou em várias pessoas. Uma obra prima!!!!
Você tem que ter!!!
.

Excelente álbum com uma vendagem invejável no mundo todo, que divulgou a bossa nova e alavancou a carreira de seus protagonistas, o saxofonista tenor americano Stan Getz, a vozviolão e a batida inconfundível de João Gilberto, a voz delicada e bossa de Astrud Gilberto, na época esposa de João, e Tom Jobim, o compositor de seis das oito faixas, com seu piano econômico e suingado. Nos créditos aparece o nome do baixista Tommy Williams, mas Ruy Castro em seu livro sobre a bossa-nova Chega de Saudade faz a correção creditando o contrabaixo para Tião Neto, como é comprovado pela foto da sessão de gravação, com Milton Banana segurando as baquetas completando o time.


Da esquerda para direita: Tião Neto, Tom Jobim, Stan Getz, João Gilberto e Milton Banana.

Tiger Beer - Shapfeshifting Cool Commercial

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O Meu Oftalmologista

O meu Oftalmologista...
... não é um filho da puta!?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

domingo, 23 de outubro de 2011

Viver ou Juntar Dinheiro?

Max Gehringer

Recebi uma mensagem muito interessante de um ouvinte da CBN e peço licença para lê-la na íntegra, porque ela nem precisa dos meus comentários.
Lá vai:

"Prezado Max, meu nome é Sérgio, tenho 61 anos e pertenço a uma geração azarada: Quando era jovem as pessoas diziam para escutar os mais velhos, que eram mais sábios. Agora dizem que tenho que escutar os jovens, porque são mais inteligentes.

Na semana passada li numa revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. E eu aprendi muita coisa... Aprendi, por exemplo, que se eu tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, durante os últimos 40 anos, eu teria economizado R$ 30.000,00. Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês, teria economizado R$ 12.000,00 e assim por diante. Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas, então descobri, para minha surpresa, que hoje eu poderia estar milionário. Bastava não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei e, principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis.

Ao concluir os cálculos, percebi que hoje eu poderia ter quase R$ 500.000,00 na conta bancária.

É claro que eu não tenho este dinheiro. Mas, se tivesse, sabe o que este dinheiro me permitiria fazer? Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade. Por isso acho que me sinto absolutamente feliz em ser pobre.

Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer, porque hoje, aos 61 anos, não tenho mais o mesmo pique de jovem, nem a mesma saúde. Portanto, viajar, comer pizzas e cafés, não faz bem na minha idade e roupas, hoje, não vão melhorar muito o meu visual!

Recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que eu fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro em suas contas bancárias, mas sem ter vivido a vida".

"Não eduque o seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas, não o seu preço."

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O aroma faz a diferença

Consta que, certa noite, anos atrás, um homem entrou com a namorada no restaurante Lucas Carton, em Paris, e pediu uma garrafa de "Mouton Rothschild", colheita de 1928.

O sommelier, em vez de trazer a garrafa para mostrar ao cliente, traz o decanter de cristal cheio de vinho e, depois de uma mesura, serve um pouco no cálice para o cliente provar.

O cliente, lentamente, leva o cálice ao nariz para sentir o aroma, fecha os olhos e cheira o vinho.

Inesperadamente, franze a testa e, com expressão muito irritada, pousa o copo na mesa, comentando rispidamente:

- Isto aqui não é um Mouton de 1928!

O sommelier assegura-lhe que é. O cliente insiste que não é.

Estabelece-se uma discussão e, rapidamente, cerca de 20 pessoas rodeiam a mesa, incluindo o chef de couisine e o gerente do hotel, que tentam convencer o intransigente consumidor de que o vinho é mesmo um Mouton de 1928.

De repente, alguém resolve perguntar-lhe como sabe, com tanta certeza, que aquele vinho não é um Mouton de 1928.

- O meu nome é Phillippe de Rothschild, diz o cliente modestamente, e fui eu que fiz esse vinho.

Consternação geral.

O sommelier então, de cabeça baixa, dá um passo à frente, tosse, pigarreia, bagas de suor escorrem da testa e, por fim, admite que serviu na garrafa de decantação um Clerc Milon de 1928, mas explica seus motivos:

- Desculpe, mas não consegui suportar a idéia de servir a nossa última garrafa de Mouton 1928. De qualquer forma, a diferença é irrelevante.
Afinal, o senhor também é proprietário dos vinhedos de Clerc Milon, que ficam na mesma aldeia do Mouton. O solo é o mesmo, a vindima é feita na mesma época, a poda é a mesma e o esmagamento das uvas se faz na mesma ocasião, o mosto resultante vai para barris absolutamente idênticos. Ambos os vinhos são engarrafados ao mesmo tempo. Pode-se afirmar que os vinhos são iguais, apenas com uma pequeníssima diferença geográfica.

Rothschild, então, com a discrição que sempre foi a sua marca, puxa o sommelier pelo braço e murmura-lhe ao ouvido:

- Quando voltar para casa esta noite peça à sua namorada para se despir completamente. Escolha dois orifícios do corpo dela muito próximos um do outro e faça um teste de olfacto.

Você perceberá a subtil diferença que pode haver numa pequeníssima diferença geográfica.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mulher Maçã lamenta a morte de "Esteve" Jobs

Acredite ou não, mas Gracy Kelly, a Mulher Maçã - uma das “famosas” mulheres frutas -, também lamentou a morte do fundador da Apple, a quem ela chama de “Esteve” Jobs num release enviado à imprensa nesta quinta-feira (06).

Além de errar, ou melhor, abrasileirar o nome de Steve Jobs (morto na quarta-feira em decorrência de um câncer no pâncreas), a moça ainda agradece ao fato de o empresário ter a brilhante ideia de colocar uma maçã como símbolo de seu império, pois este é “o apelido dela desde a infância”.

Para Mulher Maçã, esta é uma incrível coincidência e ela se sente muito grata a “Esteve”, já que ela “surgiu na mídia” no ano da ascensão da empresa (?). Detalhe, a Apple foi criada no final da década de 1970, quando a moça, provavelmente, nem era nascida ainda. 

Agora ela, que já tem uma tatuagem com a frutinha, pretende fazer uma nova com o símbolo da empresa.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Joãozinho Estrategista - Planejamento Estratégico

No confessionário, chega o pequenino (mas velho conhecido) Joãozinho e confessa:
- Padre, eu pequei. Fui seduzido por uma mulher casada que se diz séria.
- És tu, Joãozinho?
- Sou, Sr. Padre, sou eu.
- E com quem estivestes tu?
- Padre, eu já disse o meu pecado... Ela que confesse o dela.
- Olha, mais cedo ou mais tarde eu vou saber, assim é melhor que me digas agora!... Foi a Isabel Fonseca?
- Os meus lábios estão selados, disse Joãozinho.
- A Maria Gomes?
- Por mim, jamais o saberá...
- Ah! A Maria José?
- Não direi nunca!!!
- A Rosa do Carmo?
- Padre, não insista!!!
- Então foi a Catarina da pastelaria, não?
- Padre, isto não faz sentido.

O Padre rói as unhas desesperado e diz-lhe então:
- És um cabeça dura, Joãozinho, mas no fundo do coração admiro a tua reserva. Vai rezar vinte Pais-Nossos e dez Ave-Marias... Vai com Deus, meu filho...

Joãozinho sai do confessionário e vai para os bancos da igreja.
O seu amigo Maneco desliza para junto dele e sussurra-lhe:
- E então? Conseguiu a Lista?
- Consegui. Tenho cinco nomes de mulheres casadas que dão para todo mundo.

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, COMEÇA COM A ANÁLISE DO MERCADO!

Pra quem é bom de Matemática!


Eu, Tu e Ele.... fomos comer no restaurante e no final a conta deu R$30,00.
Fizemos o seguinte: cada um deu dez reais:
Eu: R$ 10,00
Tu: R$ 10,00
Ele: R$ 10,00
O garçom levou o dinheiro até o caixa e o dono do restaurante disse o seguinte:
 - Esses três são clientes antigos do restaurante, então vou devolver R$5,00 para eles! E entregou ao garçom cinco notas de R$ 1,00.
O garçom, muito esperto, fez o seguinte: pegou R$ 2,00 para ele e deu R$1,00 para cada um de nós. 
No final ficou assim:
 - Eu: R$ 10,00 (-R$1,00 que foi devolvido) = Eu gastei R$9,00.
 - Tu: R$ 10,00 -R$1,00 que foi devolvido) = Tu gastaste R$9,00.
 - Ele:R$ 10,00 (-R$1,00 que foi devolvido) = Ele gastou R$9,00.
Logo, se cada um de nós gastou R$ 9,00, o que nós três gastamos juntos,foi R$ 27,00. E se o garçom pegou R$2,00 para ele, temos:
 - Nós: R$27,00
 - Garçom: R$2,00
 - TOTAL: R$29,00

Pergunta-se: Onde foi parar a droga do outro R$1,00?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Quincy Jones - I Heard That! (1969)


Quincy Jones ou Quincy Delight Jones Jr e também conhecido apenas por Q, é um grande empresário musical norte-americano e também um excelente arranjador, produtor musical e compositor de várias trilhas sonoras para o cinema e televisão. Quincy nasceu no dia 14 de março de 1933, em Illinois, Estados Unidos e desde muito cedo aprendeu a tocar trompete na escola primária.

Quando ele tinha por volta de 10 anos sua família se mudou para Bremerton, Washington e onde acabou conhecendo e ficando amigo de um jovem músico chamado Ray Charles e os dois tocavam nas festas locais ou em clubes de jazz.

Em 1951, aos 18 anos de idade ganhou uma bolsa de estudos para Schillinger House (atual Berklee College of Music) na cidade de Boston, mas acabou largando o curso no meio quando resolveu aceitar um convite para tocar trompete com o famoso Lionel Hampton, com quem aprendeu a fazer diversos tipos de arranjos.

Com esses conhecimentos, Quincy se mudou para a Cidade de Nova Iorque e passou a fazer arranjos musicais para diversos artistas como Sarah Vaughan, Count Basie, Duke Ellington e também para o seu velho e querido amigo Ray Charles.

Em 1956 passou a viajar como trompetista e diretor musical com a Dizzy Gillespie Band pelo Oriente Médio e América do Sul. Quando a turnê acabou ele assinou um contrato com a ABC Paramount Records para criar a sua própria banda e iniciar as suas primeiras gravações.

Em 1957 foi para Paris, França estudar composição musical e teoria com Nadia Boulanger e Olivier Messiaen. Nesse tempo tocou no Olympia de Paris e viajou com várias orquestras por quase toda a Europa. Essas viagens causaram muitos problemas financeiros a Quincy e desta forma voltou para Nova Iorque para trabalhar como diretor musical da divisão da companhia em Nova Iorque.

Pouco tempo depois, Quincy recebeu boas propostas de Hollywood e assim ele rescindiu seu contrato com a Mercury Records e foi para Los Angeles para compor trilha sonoras para o cinema, dos quais se destacam. “In the Heart of the Night”, “Bob and Carol and Ted and Alice”, “Cactus Flower”, "The Getaway” entre outros. Também fez composições para temas de seriados de televisão como “Ironside”, “Sanford and Son” e “The Bill Cosby Show” e “The Fresh Prince of Bel-Air” (Um Maluco no Pedaço).

Mais tarde, enquanto fazia as gravações para o filme “The Wiz”, Quincy se tornou muito amigo de Michael Jackson e passou a produzir o álbum “Off the Wall” que vendeu mais 20 milhões de cópias, o que lhe rendeu muito dinheiro e prestígio dentro da indústria fonográfica. Depois produziu o disco “Thriller”, outro mega sucesso, com mais de 51 milhões de cópias vendidas. Depois vieram outros trabalhos para Jackson de muito sucesso.

Em 1984, Quincy usou de sua grande influência para reunir diversos artistas famosos e gravaram a canção “We Are the World” para angariar fundos para as vítimas da fome na Etiópia. Em seu currículo também consta direção de orquestra de Frank Sinatra e também como produtor do último álbum de Sinatra com temas originais. Ao longo de sua carreira ele tem recebido mais de 25 prêmios Grammy e mais recentemente em 2008 recebeu uma homenagem no Festival de Jazz de Montreaux.


Principais Álbuns:
- 1964 Big Band Bossa Nova
- 1970 Gula Matari
- 1970 Walking in Space
- 1971 Smackwater Jack
- 1973 You've Got It Bad, Girl
- 1974 Body Heat
- 1975 Mellow Madness
- 1976 I Heard That!
- 1977 Roots
- 1978 Sounds...And Stuff Like That!!
- 1981 The Dude
- 1984 The Birth of a Band, Vol. 1
- 1989 Back on the Block
- 1995 Q's Jook Joint
- 1999 Reel Quincy Jones
- 2000 Basie and Beyond
- 2004 Original Jam Sessions 1969

O pedestre invisível

"Ele apareceu do nada. Eu juro que não vi". As duas orações acima e suas variantes são recorrentes quando o motorista tenta explicar como acertou o pedestre --ou o motoboy ou o ciclista. Mais do que uma desculpa esfarrapada, a frase pode revelar algumas verdades cognitivas mais profundas sobre a espécie humana.

Embora não o reconheçamos, nossa capacidade de atenção é bastante limitada. Um experimento seminal de 1999 conduzido pelos psicólogos Christopher Chabris e Daniel Simons traduz com muito bom humor o tamanho da encrenca. Eles fizeram um vídeo no qual seis pessoas (três vestindo camisetas brancas, e três, pretas) trocam passes com duas bolas de basquete. Participantes da pesquisa são instruídos a contar mentalmente os passes do pessoal de branco enquanto assistem ao vídeo. A uma dada altura, um sujeito fantasiado de gorila entra em cena, encara a câmara, bate no peito e se retira. Ele aparece na tela por 9 segundos.

Você o notaria? A esmagadora maioria das pessoas responde com um sonoro "sim". Como não perceber um gorila que fica em cena por quase 10 segundos? Mas não interessa muito o que imaginamos, o fato é que 50% das cobaias simplesmente não veem o símio, porque estão ocupadas contando. O experimento, que rendeu a seus autores o prêmio IgNobel de 2004, foi repetido com diferentes públicos em diferentes países com resultados sempre semelhantes. É claro que você, que agora conhece o truque, não vai mais cair, mas pode testar o desempenho de seus amigos e familiares no site www.theinvisiblegorilla.com . Lá há um link para o vídeo.

Está em operação aqui o que os psicólogos chamam de "cegueira por inatenção". Trata-se de um viés cerebral com importante impacto social, que se materializa justamente na forma de acidentes. No livro "The Invisible Gorilla", Chabris e Simons exploram os meandros dessa e de mais cinco ilusões cognitivas de alto custo para a humanidade. Elas envolvem, além da atenção, a memória, a confiança, o conhecimento, a causalidade e a potencialidade. É uma leitura ao mesmo tempo divertida e instrutiva. Como não dá para desenvolver todos esses pontos no espaço relativamente limitado de uma coluna, centremo-nos na questão da atenção e, em especial, a sua ligação com o trânsito.

O problema não é tanto não ver o gorila, mas acreditar erroneamente que seremos sempre capazes de fazê-lo. Nós imaginamos que podemos enxergar tudo o que aparece à nossa frente, quando na verdade só temos consciência de uma pequena porção das coisas que estão em nosso campo visual. Em geral, vemos aquilo que o cérebro já espera encontrar. A contrapartida é que basta uma distração mínima para deixar de observar o que não é esperado.

O efeito não se limita a macacos e pedestres. Como Chabris e Simons mostram, essa ilusão também faz com que, em simuladores, pilotos de jatos comerciais fiquem cegos para aviões que cruzam a pista taxiando quando eles vão aterrissar (incursões são um fenômeno relativamente raro, ainda que potencialmente fatal) e que radiologistas experimentados não vejam uma pinça esquecida no abdome do paciente (o médico, afinal, procurava por tumores, não por objetos perdidos).

Um mecanismo de retroalimentação reforça ainda mais o viés: só percebemos as limitações de nossa atenção nas poucas vezes em que algo dá errado; o número bem maior de ocasiões em que falhamos mas nada de extraordinário acontece nem sequer é registrado por nosso radar mental.

Com isso, não pestanejamos antes de superestimar nossa capacidade de atenção, o que frequentemente nos coloca em situações de perigo, como dirigir em velocidade superior à calculada pelos técnicos (isso mesmo, aquele número que nos parece ridiculamente pequeno que aparece nas placas) ou falando ao celular.

O telefone constitui um caso à parte. Há diversos estudos experimentais e epidemiológicos mostrando que o efeito do celular sobre a direção é comparável ao do álcool. Ambos diminuem nossa capacidade de prestar atenção e, com isso, reagir em tempo hábil ao imponderável.

Apesar de as gerações mais novas se gabarem de ser "multitarefa", isso também é uma ilusão. Embora as habilidades variem de pessoa para pessoa, quanto mais atividades simultâneas o cérebro humano realiza, pior ele sai em cada uma delas. No experimento do gorila, quando as cobaias precisam contar os passes dos brancos e dos pretos, a porcentagem dos que percebem a presença do animal cai para 20%.

Voltando aos celulares, se eles são assim tão perigosos, por que não experimentamos o mesmo grau de desatenção quando ouvimos o rádio ou conversamos com alguém dentro do veículo? E de fato há artigos que mostram que essas atividades não atrapalham muito a direção. De acordo com Chabris e Simons a principal diferença está na demanda social da conversação telefônica. Quando falamos com o passageiro, a exigência atencional para manter a sincronização do diálogo é bem menor. Não precisamos, por exemplo, nos preocupar em responder sempre imediatamente, porque quem está no carro acompanha o contexto da estrada e interpretará corretamente os silêncios e lacunas.

É claro que, na maioria das situações, nem o uso do telefone nem o consumo de um ou dois drinques (muito antes de comprometer a capacidade de andar em linha reta, o álcool já reduz os recursos atencionais) levam a acidentes, mas isso porque dirigir é uma atividade previsível e fartamente regulada. Mesmo que você faça besteira, os outros atores (motoristas, pedestres etc.) estarão se esforçando para não atingi-lo. Mas basta que surja uma perturbação um pouco maior para que o resultado seja catastrófico. Nós fomos projetados para nos locomover a velocidades da ordem de 5 km/h e sem carregar muito mais que o peso de nossos próprios corpos. Sob essas condições, levar alguns segundos a mais para reagir a um obstáculo não muda muito as coisas. O pior cenário é um esbarrão. Mas, quando andamos a 100 km/h e sobre estruturas de mais de uma tonelada, frações de décimo de segundo podem fazer a diferença entre a vida e a morte.

Evidentemente, não vamos conseguir extinguir os vieses e as ilusões inscritas nas profundezas de nosso cérebro, o que torna difícil a solução dos problemas que eles originam. De toda maneira, há medidas que podem ajudar. Conhecer nossas fraquezas cognitivas é um bom começo. Em algum grau ainda que pequeno, elas são permeáveis a análise racional e treinamento.

Também seria interessante colocar pedestres e ciclistas no mapa mental dos motoristas. Quanto menos estes forem um elemento-surpresa, maiores as chances de serem vistos pelos condutores. E, como mostrou um trabalho de Peter Jacobsen de 2000, é nas cidades onde há mais pedestres e ciclistas que eles estão mais seguros (considerados mortes e ferimentos por milhão de km caminhados ou pedalados). Esse estudo, é claro, se restringiu a cidades do Primeiro Mundo. Duvido, por exemplo, que seja mais seguro andar de moto aqui do que em Londres, apesar da abundância de motoboys nas capitais brasileiras.

Seja lá como for, é um bom sinal constatar que o paulistano, depois de um acidente trágico que teve ampla cobertura midiática, parece ter descoberto a existência do pedestre. Já era mesmo hora de fazê-lo. É a marcha civilizatória que o exige.

Hélio Schwartsman, 44, é articulista da Folha. Bacharel em Filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha.com às quintas-feiras.